Tempo de ser feliz
maio 1, 20203 capacidades para a transformação
maio 29, 2020Por Caroline Carvalho Bueno
- O porquê
Felizmente caminha-se a passos largos para a era do propósito, aquela em que será muito valorizado o profissional que sente e entende a razão íntima pela qual realiza suas atividades diárias.
Até pouco tempo atrás, debater o real significado que a atividade profissional tem para cada um, de como a motivação consistente vai além da remuneração ou o quanto planejamento e execução feitos com amor são diferentes e mais rentáveis podia soar como crendice ou utopia.
Mas, a partir do momento que se percebeu pouco sentido ou grande desperdício em se passar 8h-10h diárias despendendo tempo, energia e criatividade apenas para ganhar dinheiro iniciou-se a mudanças de mentalidade e postura.
Essas mudanças passaram a ser a ressignificação do trabalho para o entendimento desse como meio de expressão individual, fonte de entusiasmo, de conexões valorosas, aprendizado transformador e acima de tudo, forma de colaboração para o mundo e a sociedade.
O grande questionamento que parte dos profissionais passaram a fazer é: “porque e para que faço o que faço profissionalmente?” O “o que faço” passou a ser menos importante do que a razão pela qual, por exemplo, vendo um serviço, escrevo textos, dou aulas, faço projetos de edificações, sou enfermeiro(a), bailarino(a), presto consultoria empresarial ou sou piloto(a) de avião e como isso impacta empresas, negócios, pessoas e o mundo.
O que se vive atualmente, gradativamente, é que a importância do trabalho passou a estar acompanhada pela importância da própria satisfação. As pessoas estão propensas a engajar-se em trabalhos que se sintam coparticipantes de uma causa maior, conectadas com ações globais, com atitudes locais e que possam expressar suas ideias e valores.
Os ambientes de trabalho mais valorizados, agora, são os que propiciam a identificação do propósito da marca, pois através disso o colaborador tem a oportunidade de conectar-se ou não, engajar-se ou não e alinhar seu próprio propósito a ele. Para tanto, normalmente esses ambientes são em maior ou menor escala:
– Transparentes;
– Hierarquicamente horizontalizados;
– Colaborativos;
– Com tomadas de decisões ágeis;
– Sem julgamento dos erros não intencionais;
– Estimulante da diversidade de pensamento;
– Focados nas soluções;
– Orientados ao cliente;
– Responsáveis socialmente e ambientalmente;
– Com feedbacks claros e construtivos;
– Alegres e entusiasmados.
2. Falando de amor
Os robôs, inteligência e realidade virtual estão aí programando sistemas, respondendo clientes, criando textos, fabricando coisas e aspirando o pó do chão das casas. Olhando para isso a pergunta inevitável é: “eles nos substituirão”?
A resposta mais clara, mas talvez ainda de difícil entendimento é que; o que fará a diferenciação entre robôs e seres humanos é o que só esses são e fazem. E aí entra a “humanidade” do sentir, conectar, adaptar, expressar.
O ser humano tem a vantagem de possuir sentimentos que movem suas ações, dentre esses o amor tem uma força criadora poderosa. Quando tomado pela inteligência que “vem do coração’ amplifica-se a capacidade de execução, criatividade, tomada de decisão consciente, visão sistêmica e empatia com o entorno. Algo que comumente leva ao propósito da ação: “faço isso com amor porque sinto e percebo que…”
E aí as respostas podem ser inúmeras:
… posso ajudar jovens a descobrirem seus talentos;
… é importante informar as pessoas sobre o que se passa para que tomem decisões conscientes;
… auxiliar na administração do capital financeiro pode gerar condições de investimento em iniciativas importantes;
… proporcionar experiências gastronômicas alimenta a alma das pessoas;
… conduzir pacientes para cura de suas doenças ajuda a cura do mundo também;
… alavancar o crescimento de empresas ajuda a gerar oportunidades e empregos;
… orientar pessoas na condução dos seus negócios desenvolve a economia e a comunidade;
… tornar a cidade mais sustentável preserva a natureza;
… resolver um problema de logística facilita a mobilidade de riquezas;
… e por aí vai…
3. O novo que veio com a Covid 19
A pandemia da Covid 19 trouxe, além de grande preocupação e impactos na saúde, alterações sociais e econômicas importantes. Sendo o isolamento social, preconizado pela OMS, uma das principais medidas de diminuição do contágio, o que se vive é uma drástica alteração na forma de se viver e consumir. Com as pessoas restringindo sua circulação para atividades essenciais o que temos agora são inúmeros negócios paralisados, outros migrados integralmente para o virtual, outros parcialmente, muitos diversificando canais, adotando tecnologias de venda e distribuição, entre outras mudanças.
Portanto, a maioria dos profissionais brasileiros e mundo afora estão atuando de formas muito diferentes do que há dois meses atrás; home office, alteração ou redução de jornada, atendimento através de novas ferramentas, gestão de equipes remota, sem falar é claro, no desemprego real ou iminente.
Como manter o centro, a produtividade e serenidade num ambiente incerto e angustiante? Uma das respostas pode ser o exercício do propósito, pois nesse momento manter presente o sentimento de amor e alegria através do “porque se faz” minimiza o conflito de decisões difíceis e adaptações repentinas, estimula-se a busca por alternativas, foco em soluções e inovação.
O propósito então, é o fio condutor invisível da criação da verdadeira motivação que conduz o profissional a inéditos patamares de criatividade, execução, conexões e superação das adversidades.
Fica aqui um trecho da música Maria, Maria do Milton Nascimento:
“Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegriaMas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho, sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida”.